domingo, 13 de janeiro de 2013

ANÁLISE DE OBRA: ACROBATAS, 1958, DE CANDIDO PORTINARI, ACERVO DO MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA - MAP


Introdução
O presente estudo tem como objetivo apresentar descrições técnica e formal sobre a obra Acrobatas, de Candido Portinari (Brodósqui SP 1903 – Rio de Janeiro RJ 1962). O artista foi pintor, gravador, lustrador e professor e se destacou no contexto artístico brasileiro com importante participação na criação da arte moderna nacional. A obra data de 1958 e faz parte do acervo do Museu de Arte da Pampulha – MAP, em Belo Horizonte.
















http://teste.otempo.com.br/jornalpampulha/noticias/?IdNoticia=7576


Descrição técnica
A obra tem dimensões de 62 cm x 76 cm, técnica de tinta a óleo sobre madeira e apresenta como tema dois sujeitos em posição de acrobacia. Ambos se encontram de cabeça para baixo, com pés voltados para cima, apoiados no chão pelas mãos ou cabeça. As cores presentes na obra são tons de verde, rosa, azul, amarelo, alaranjado, preto e cinza.
O modo estilístico adotado por Portinari em Acrobatas traz pinceladas suaves , em esfumato: A palavra vem do italiano e significa “à maneira da fumaça”. Esta técnica consiste em não pintar linhas de contornos nas formas, mas pelo contrário, criar um efeito de claro e escuro que possibilite uma passagem sutil de uma cor para a outra. (http://sabermaisarte.blogspot.com.br/). Ou seja, a criação das formas se dá pelo contraste entre as cores e não por linhas de contorno.
Sobre o posicionamento dos sujeitos na obra, se vê o acrobata da direita apoiado no chão pelas mãos e pela cabeça, com o corpo reto em sua verticalidade. Já o acrobata da esquerda, se apóia no chão apenas pela sua mão direita e tem as penas inclinadas para seu lado esquerdo (seu braço esquerdo encontra-se reto, suspenso no ar).
A noção de plano se faz em Acrobatas através de cores e formas quadradas. O plano de fundo pode ser identificado pelo domínio da cor verde. Já em relação ao primeiro plano, se percebe uma variedade de cores e formas quadradas compondo o que seria o chão com a presença do acrobatas se apoiando.
A composição da obra apresenta os acrobatas na área central da pintura e, como dito no parágrafo anterior, dois planos podem ser identificados. Na área central do plano de fundo, interrompendo o domínio do verde, o mesmo estilo de formas e cores do chão no primeiro plano surge na obra. Essa interrupção aparece como plano de fundo das pernas dos acrobatas.

Descrição formal
Em Acrobatas é nítida percepção da posição dos sujeitos em suas acrobacias apesar da ausência de traços e linhas definidas. Portinari não coloca em dúvida a posição em que se encontra cada membro dos corpos dos acrobatas. E o posicionamento de cada um dos membros acontece em harmonia com os outros, criando assim um equilíbrio físico, o qual possibilita a realização bem sucedida da acrobacia.
Apesar dos dois acrobatas se mostrarem semelhantes a artistas de rua (impressão criada pela forma simples como se vestem), dois aspectos da obra sugerem a sensação lúdica de uma esfera circense: as cores e a interrupção do verde a qual faz o plano de fundo das pernas suspensas dos acrobatas. A questão das cores se constrói nessa esfera a partir da diversidade pictórica da obra. Diferentes cores se espalham por diferentes áreas. Todo esse colorido cria características semelhantes a de um ambiente de circo. Essa impressão é fortalecida pelo plano de fundo colorido das pernas dos acrobatas. Esse elemento tem formato cônico, lembrando a iluminação focada que comumente se vê sobre os artistas durante apresentações. A seguinte imagem ilustra essa idéia:



Esse plano de fundo colorido que acompanha as pernas dos acrobatas cria outra sensação, além da idéia da iluminação focada: se mostra como uma extensão do chão, criando a impressão de uma falta de limites para o movimento dos acrobatas. Os elementos ar e chão se trocam assim como as pernas são trocadas do chão para o ar (fato que cria o movimento do acrobata). Ao mesmo tempo em que o chão está na área inferior da obra, ocupa também o centro e a área superior. Portinari parece brincar com os planos, desfazendo assim limites entre o céu e a terra, da mesma forma como fazem os acrobatas.

Conclusão
A descrição técnica de uma obra está mais voltada para um sentido de identificação. Um exemplo disso é a sua utilização em fichas de cadastro e identificação de obras, usadas em instituições como museus e galerias de arte. Já a descrição formal, é mais voltada para estudos no campo das artes visuais, contribuindo para a expansão das possibilidades de interpretação de efeitos criados por elementos como composição e uso das cores e das formas nas obras.
Portinari, em Acrobatas, cria de forma bastante rica efeitos que ultrapassam os elementos da descrição técnica. A obra, portanto, oferece possibilidades para a análise formal a partir de uma visão que vai além dos aspectos técnicos e confirma assim o considerável reconhecimento da arte de Portinari no contexto nacional e mundial.


Referências:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_criticas&cd_verbete=121&cd_item=15&cd_idioma=28555
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://teste.otempo.com.br/jornalpampulha/fotos/20110319/foto_galeria_07032011170801.jpg&imgrefurl=http://teste.otempo.com.br/jornalpampulha/noticias/?IdNoticia%3D7576&h=520&w=600&sz=130&tbnid=RNnCZMBDJyZg2M:&tbnh=90&tbnw=104&prev=/search%3Fq%3Dacrobatas%2Bportinari%26tbm%3Disch%26tbo%3Du&zoom=1&q=acrobatas+portinari&usg=__pEb1gsHX5a7uBlqwWmAZ_fj0LW0=&docid=nyGiDGGa53C6xM&hl=en&sa=X&ei=wTPzUOW5LJTo9gTJ2IGACw&ved=0CDEQ9QEwAg&dur=422